O LCI surge em 2012, a partir do Laboratório de Pensamento Crítico (que se iniciou em 2002) coordenado pela Prof. Lia Vasconcelos. O modelo de suporte consiste em espaços de encontro científico de partilha de ideias, reflexão critica, debate e exploração de linhas de investigação. Estes espaços de encontro envolvem pós-graduados, doutorandos, especialistas e técnicos e destinam-se nomeadamente à orientação científica funcionando numa base mensal, recorrendo a uma discussão de grupo positiva e crítica.
Com o emergir do Doutoramento de Ambiente no DCEA-FCT, mais formalizado, este laboratório de discussão demonstrou ser uma contribuição muito valiosa para a qualificação e desenvolvimento das capacidades científicas e sentido critico dos participantes. A importância atribuída pelos estudantes às atividades do laboratório traduziu-se numa crescente procura que, inclusivamente, excedeu os orientandos mais diretos, e inclusive, investigadores doutorados de outras instituições. No espirito aberto e crítico que a atividade científica deve ter, esta possibilidade foi viabilizada. Mais recentemente, com a criação do Doutoramento em Avaliação Tecnológica, estas reuniões regulares foram abertas aos alunos deste doutoramento, encorajando-os igualmente a apresentar os seus trabalhos e debatê-los no grupo já existente. Em 2012, e por se ter vindo a fortalecer um intercâmbio e uma relação de trabalho mais próxima com a Prof. Iva Miranda Pires, que seguia um processo semelhante, evolui para um funcionamento em parceria e as reuniões passaram a ser alternadas na FCT e na FCSH, incluindo a partir daí os alunos do Doutoramento de Ecologia Humana. Foi nesta altura que se optou pela denominação atual de Laboratório de Conhecimento Interdisciplinar. O LCI envolve também frequentemente professores visitantes, antigos alunos, e estudantes orientados por outros, comungando da mesma busca de uma estrutura conceptual, critica e teórica.
Estes formatos de acompanhamento cientifico têm por base metodologias inovadoras de ensino resultantes de uma proposta pedagógica cujos pressupostos têm a sua raiz remota no construtivismo de John Dewey e na pedagogia de Paulo Freire visando tornar o estudante num agente ativo e recorrendo a práticas como Problem Based Learning (PBL, ou Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).
Este processo permite criar o que tecnicamente se chama uma comunidade de prática, promovendo o desenvolvimento de um espirito critico nos participantes e fomentando a troca de ideias e partilha de conhecimentos contribuindo para a construção de capital social (na forma de relações entre os participantes) e capital intelectual (na forma de novo conhecimento).
O LCI distingue-se da clássica abordagem educativa segmentada, sendo caracterizado por dois aspetos interligados mas distintos:
1) o modelo/processo – a reprodutibilidade em termos institucionais é teoricamente possível, contudo grande parte do potencial deste grupo é a sua informalidade, o ser voluntario, e consequentemente dificilmente é compatível com ser formatado o que pode inclusive ser nocivo para o seu sucesso.
2) a prática/dinâmica específica do grupo – resulta de quem conduz o processo, das características dos alunos (que se pautam por uma insatisfação com o “run of the mill”, “curiosidade” insaciável) e dos temas selecionados pelos discentes, muito diversificados e de interface.
Assim, a reprodução desta "prática de excelência" está condicionada à construção deste tipo de "ecossistema", que não é passível de cópia nem tão pouco de "institucionalização" (no sentido clássico da palavra) e que surge na sequência do modelo/processo evolutivo, emergente e auto-organizado. Além disto, a prática apoia-se num conjunto de pressupostos de respeito mútuo quer pessoal quer ao nível do conhecimento entre todos os participantes, que é intensamente promovido pelas coordenadoras.
Lia Vasconcelos, Janeiro 2013